Nadando pelado.

Ali pras bandas do Rio das Antas havia uma vila dessas bem pequenas, onde não acontece nada de importante – nem de bom nem de ruim. No centro da cidade, como não podia deixar de ser, tinha a igreja matriz, a prefeitura e a praça principal (e única, aliás). Duas ruas: a avenida principal, com farmácia, correio, banco e vendinha e a rua de baixo, com bar, casinhas mais humildes e que inundava todo ano, na época das cheias do rio. Rio dos bons, água limpa, muito peixe, ingazeiros carregadinhos pendurados sobre a correnteza – cada vez que caía um bago na água era um ferver de pacuzinhos esfomeados e fáceis de pescar…

Continue lendo “Nadando pelado.”

Cachaça na veia…

Em Sete Barras moravam dois amigos muito chegados. Amigos desde a infância – fizeram a escola juntos, se formaram no ginásio juntos, estudar mais não carecia nem tinha como porque, por aquelas bandas, o ensino acabava naquela altura. Nadaram muitos rios e ribeirões, caçaram muito inhambú e marreco, farrearam em muita quermesse, sempre juntos, unha e carne. Acontece que acabaram se enrabichando pela mesma moça e, como não podia deixar de ser, acabaram brigando feio e sendo abandonados, os dois, pela moça que se mandou pra capital com um doutorzinho da companhia de eletricidade…

Continue lendo “Cachaça na veia…”

S. de bêbado não tem dono…

Idos dos anos 1980, Cabreúva, interior do estado de São Paulo.
Apesar de pertinho da capital, terra de caipiras… Assumidos!

Uma de minhas cunhadas ficou muito doente.
Veio pra Capital, para se tratar no Hospital das Clínicas.*
Os pais e alguns irmãos ainda moravam num sítio, pertinho de Cabreúva, então uma cidadezinha de uns dois mil habitantes (Acho que é o que tem ainda hoje.).
Do hospital vem a informação que o banco de sangue está precisando de doadores.
Uma estratégia que acredito seja usada ainda hoje, para conseguir doadores: “casar” uma internação com um pedido de doação de sangue – como o tratamento do doente não é cobrado da família (já foi cobrado na forma de impostos…) – esta corre pra pedir aos familiares e amigos que se disponham à doar. E é claro que a coisa funciona.

Continue lendo “S. de bêbado não tem dono…”

Cabra macho!

Beira da estrada. No topo do morro, no fim de uma estradinha, uma casinha bem caiada, telhado de telha de verdade, na porta uma lâmpada dentro de um balde de plástico vermelho alaranjado. Quem é do interior sabe do que estou falando. Dentro a festa corria solta quando chega um sujeito grande, forte, cara de jagunço. O sanfoneiro foi afrouxando os braços e a música foi parando, parando…

Continue lendo “Cabra macho!”

Um fotógrafo das antigas.

Dia destes estava no supermercado, quando assisti uma cena que acabou se tornando muito comum, principalmente nos últimos tempos: uma menininha de uns seis ou sete anos discutia com a mãe sobre comprar um determinado refrigerante.
A mãe, até que bem paciente, tentava explicar para a criança – racionalmente, como se esta também fosse adulta! – que o tal refrigerante fazia mal, que tinha muito açúcar, que estragava os dentes e por aí ia…
A menina, à falta – Óbvia, afinal uma criança! – de argumentos, batia o pé e gritava que queria, porque queria e pronto!
Adivinhem quem “ganhou” a discussão…

Continue lendo “Um fotógrafo das antigas.”

Cusparada!

Nestes tempos de ânimos exaltados, dois incidentes envolvendo cusparadas chamam a atenção de um velho caipira como eu. Uma cusparada, de um talentoso ator Global (não confunda obra e autor…) utilizada como “argumento” político e outra, coincidentemente praticada por uma ex-meia-celebridade também Global, num confronto em evento político no Congresso Nacional, entre desafetos por suas convicções sexuais.

Continue lendo “Cusparada!”