Olha a cobra!

Quem me contou esta foi um baiano chamado Agripino, Nenê para os chegados. Bom de copo, bom de garfo e bom de papo. Longe da Bahia querida, hoje vive em São Paulo, agradando seus clientes num botecão dos antigos, ali na Fradique Coutinho. Sendo ele baiano, acho que não tem problema o assunto ser a proverbial “preguiça” da gente de lá…

Pois este causo trata de um baiano chamado Genival, famoso na região por sua ojeriza ao trabalho. Qualquer trabalho. Pra ele não tinha tamanho de obra: não queria saber de nenhuma delas!
Pois estava o Genival deitado na rede, logo depois do almoço, naquela lerdeza de barriga cheia, os olhos já miudinhos de sono, a pontinha do dedão balançando de leve a rede, que é pra não chacoalhar as ideias.
Enquanto isso, Maria do Carmo estava na cozinha, terminando de lavar os pratos.
Mesmo com o barulho dos talheres, ouviu um resmungo vindo da varanda:
– Do Carmo!… Do Carmo!… – Chamava o Genival.
– Mas o que foi que aconteceu? – Espantou-se a mulher com a urgência do chamado.
– Nós temos em casa remédio pra veneno de cobra? – Perguntou ele.
– Por quê, homem de Deus? – Assustou-se a mulher.
– É que está vindo ali uma cobra grande que é só a peste e eu acho que ela vai me morder!

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