Cusparada!

Nestes tempos de ânimos exaltados, dois incidentes envolvendo cusparadas chamam a atenção de um velho caipira como eu. Uma cusparada, de um talentoso ator Global (não confunda obra e autor…) utilizada como “argumento” político e outra, coincidentemente praticada por uma ex-meia-celebridade também Global, num confronto em evento político no Congresso Nacional, entre desafetos por suas convicções sexuais.

Faz pensar que estamos numa visita ao zoológico, onde o camelo nos recepciona com uma nojenta cuspida e o macaco nos joga suas fezes (apenas outra secreção, afinal). Mas enfim, não levando em conta a legitimidade de qualquer dos argumentos dos cuspidores e cuspidos, lembro de um causo, acontecido – disseram – nos fundões do interior brasileiro.

Outros tempos, outros valores. Por essa época, cusparada na cara de uma pessoa era considerada uma das maiores ofensas que um ser humano podia perpetrar ou sofrer. Pior que um soco e pior até que um vergonhoso tapa na cara!

Contam que um lavrador, desses já calejados do trabalho com a enxada, mas ainda orgulhoso de manter uma família de muitos filhos e já alguns netos, foi levado a julgamento por ter matado um doutor advogado.
Após ter ouvido os argumentos da acusação pela condenação, o juiz chamou o lavrador e pediu que este contasse a sua versão dos fatos.
Naturalmente constrangido pela situação e pelo ambiente nunca dantes frequentado, aos trancos e barrancos o caipira narrou o sucedido, explicando que a discussão começou com a venda de uns franguinhos para o doutor e este reclamou, tanto do preço quanto da magreza dos frangos. Que ele tinha argumentado que o milho andava muito caro, que o advogado tinha chamado ele de ladrão, que ele tinha dito que precisava sustentar sua família, que o doutor tinha dito que isso não era desculpa pra roubar, que ele tinha dito que, se o doutor não queria os franguinhos, não tinha problema, que ele vendia pra outro e que aí veio o desastre…
– O que aconteceu então? – Quis saber o digníssimo juiz.
– Bão, senhor juiz. Aí ele me deu uma CUSPARADA na cara…
– E? – Insistiu o juiz.
– Aí eu dei um “tirinho” nele, sô!

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