Pensando bem, que mal tem?

Para quem não conhece, o caiçara é aquele caipira do litoral, conhecido por sua “moleza”. Dizem que é culpa das lombrigas, que acham em sua barriga o ninho perfeito para se multiplicar.
Demora um pouco, você precisa ficar um tanto mais velho para compreender a vida desse povo. Morando na cidade grande, onde o motivo de tudo é o dinheiro, fica difícil entender porque essa gente “não gosta” de trabalhar.

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Peixada caiçara.

Antes de preparar este prato leia o caso “Pensando bem”.

Você precisa de:
1 kg de peixe, de preferência peixe de couro: bagre, mandi, cascudo, pintado, até cação vai…
1/2 kg de camarões sete barbas descascados
Opcional: 1/2 kg de mariscos descascados
2 colheres de sopa de óleo
2 cebolas picadas grande
2 dentes de alho
1 tomate picado grande
1 pimenta de horta picada grande
1 talo de cebolinha picada
Um pouco de salsinha picada
1 limão, de preferência o caipira e não vai usar tudo
Sal a gosto
Farinha de mandioca para o pirão
Opcional: 1 garrafinha de leite de coco (acrescente, subtraindo da água quente)

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Filho sem pai…

A tormenta começou a se formar no almoço.
Quarta-feira, dia de feijoada no Bolinha, todos caíram matando na dita, devidamente ante-pastada com muito torresminho crocante e caipirinha com limão amassado, não espremido. Pra acompanhar a suculenta, vários chopinhos sem colarinho e geladíssimos.
Franco, o gordo, meio que exagerou e já estava com aquele olhar de peixe-morto, típico da letargia feijão-alcoólica.

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Amigos, amigos…

Litoral sul, cidade de Eldorado. Na época ainda se chamava Xiririca. Uma pasmaceira que só. Sentados na escadinha da entrada do bar do Antunes dois capiaus fumam seus cigarros de palha, apreciando as moças que fazem o “trottoir” na pracinha, rindo “envergonhadas” para os moços sentados nos bancos de concreto, cada banco patrocinado por um comerciante da cidade.

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Tá passando o que?…

Lá pras bandas de Juquiá-açú, uns bons trinta ou quarenta anos atrás, a televisão ainda era um luxo reservado pra poucos. Principalmente se “pegasse” alguma coisa lá naquele fim de mundo. Era antena interna com bombril ou então uma daquelas grandes, espinha de peixe, espetada numa vara alta de bambu na cumieira da casa – e mexe daqui, e vira e puxa pra lá…

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Uma nota valiosa!

“Em Sete Barras, ali por perto, existe o Bairro do Arapongal.
Homenagem de alguém, por certo, às arapongas do litoral.”

São versos de um poema, muito bonito aliás, do Vale do Ribeira. Quando e se lembrar, publico o poema inteiro. De qualquer forma, vale para situar o caso a seguir.

Voltava do Bairro do Arapongal, depois de uma festa de São João, já bastante coalhado, o Ademar da Dona Zefa. Caboclo baixinho e magrinho, gostava de andar sempre bem arrumado, mas feio que só briga de foice no escuro. E um detalhe importante: o Ademar era conhecido por ser o maior mão-de-vaca, sujeito mesquinho mesmo, da região.

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Dona!!!!!?

Dia desses, assistindo ao vídeo do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, notei que o ex-mandatário, toda vez que jogava na conta da falecida esposa a responsabilidade pelos assuntos relacionados ao tal triplex do Guarujá, chamava-a de Dona Marisa. Às vezes Dona Marisa Letícia. Sua esposa por sei lá quantos anos, mas sempre “Dona”.

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Sacaneando um motorista sacana!

Por opção ou por necessidade, quando você se torna pedestre em tempo integral como eu, acaba encarando pela frente (e por trás, e pelos lados…) um novo mundo: o do relacionamento motoristas/motoqueiros/ciclistas X pedestres.
O neopedestre descobre rapidinho – se quiser sobreviver! – que ele é considerado pelos embarcados como um cidadão de segunda ou terceira classe. Portanto sem os mesmos direitos.

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Um causo de japonês.

Pra quem não sabia, a cidade de Registro, no litoral sul de São Paulo, foi “colonizada” por japoneses, que chegaram e se estabeleceram por lá na primeira metade do século passado. Uma gente trabalhadora e donos de um conceito muito arraigado de honra e ética, que se dedicou à agricultura – especialmente ao cultivo de chá. A maioria deles com muito sucesso.
Talvez em parte graças a essa influência positiva, Registro se tornou a cidade do litoral que mais se desenvolveu.
Pois contam que esta história, inocente e tétrica, aconteceu por lá, aí por volta dos anos 1950 ou 1960.

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Vai uma panqueca aí?

Quando meu avô veio para o Brasil, pra garimpar ouro no sul do estado de São Paulo, trouxe consigo, além do espírito aventureiro, um bocado dos costumes do sul dos EUA.
Dentre eles as receitas de algumas comidas típicas, como a panqueca, ao estilo da sua região, com forte influência francesa. Não era aquela panqueca grossa e fofa que vemos nos filmes de Hollywood – estava mais pra crêpe: fininha e consistente.

Aqui vai a receita que ele passou pra minha mãe, que me ensinou. O único acréscimo é o liquidificador.

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