O gato.

Ribeirão das Onças, litoral sul paulista, meados dos anos sessenta, morava num sitiozinho próximo à BR-2, a estrada que depois viria a ser chamada de BR-116.
Vida de moleque, sem rédeas que guiassem e sem porteiras que impedissem, me aventurava nos confins dos matos, armado apenas de um bom estilingue – pra atirar valia qualquer pedra mais ou menos redonda, desde que do tamanho certo. Na época já usava óculos, mas ainda com boa pontaria, não havia cobra que escapasse… Na dúvida, matava primeiro e depois perguntava pra defunta se ela era venenosa.

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Pai político…

Aí por volta dos anos 50, 60, meu pai foi prefeito de uma cidadezinha no litoral sul paulista.

Como diziam na época os moradores: o lugar era o “penico do céu”, tanto pelo tamanho (uma “poça”) quanto pelo que chovia (O mesmo índice pluviométrico da Amazônia!).
Na família contava-se a história que o velho vencia uma eleição (Foi prefeito em 3 mandatos, com intervalos – na época não havia essa história de reeleição.), assumia a prefeitura e, por ser o município muito pobre, ele acabava tirando do próprio bolso pra cobrir eventuais rombos no orçamento.
E acabava que saía da prefeitura sem um tostão…
Ou devendo até as próprias cuecas!

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Deus castiga?

Nos últimos tempos tenho reparado que, mais que nunca, o “jornalismo” tem abusado da manipulação da informação, se aproximando (e se fundindo) cada vez mais da ética publicitária, onde a importância do conteúdo é sempre superada pela necessidade de impacto da mensagem. Esta sempre a mais criativa possível, maravilhando enquanto esconde os inconvenientes… Vendendo o seu peixe, porque afinal é o que realmente importa.

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Rogar praga funciona?

Aí por volta dos anos 1960, 1970, meu pai comprou um terreno na Ilha Comprida, no município de Iguape, no litoral sul do estado de São Paulo.
A gente morava em Juquiá, ali perto, mais para o interior, então tinha toda lógica ter uma casa à beira-mar. E a Ilha Comprida ainda era um local pouco habitado, muito tranquilo. Faixa de areia bem larga, mar sempre calmo. A ideia era ter um lugar na praia, pra família passar suas férias e feriados. Pra mim, moleque então, seria uma festa!

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Heróis diferentes…

Semana passada assisti numa rede social um vídeo com uma cena brutal de espancamento num vagão do metrô de Nova York. Já devia estar acostumado com essas cenas, mas confesso que, desta vez me pareceu que a violência do ser humano subiu mais alguns degraus na escalada rumo à selvageria absoluta.

Acostumado com os filtros da mídia, com um jornalismo que procura apontar os vilões de sempre agredindo as vítimas de sempre – aquelas situações que dão maior audiência, portanto mais retorno financeiro – desta vez me espantei com um homem preto, jovem e forte, espancando um outro, franzino, este com traços de asiático…

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Rogando uma praga!

Um caso especial para quem acredita em mau-olhado, azar, essas coisas… Acho melhor bater na madeira três vezes!

Este aconteceu recentemente.
Aqui em Pinheiros temos vários moradores muito particulares. Para alguns dos “normais” talvez até eu seja um deles, vai saber. Uma dessas figuras folclóricas que todo mundo do bairro conhece, ou pelo menos já viu algumas vezes é o Seu Anastácio. Como não sei seu nome (e acho que ninguém sabe), tomo a liberdade de chamá-lo assim.

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Um fotógrafo das antigas.

Dia destes estava no supermercado, quando assisti uma cena que acabou se tornando muito comum, principalmente nos últimos tempos: uma menininha de uns seis ou sete anos discutia com a mãe sobre comprar um determinado refrigerante.
A mãe, até que bem paciente, tentava explicar para a criança – racionalmente, como se esta também fosse adulta! – que o tal refrigerante fazia mal, que tinha muito açúcar, que estragava os dentes e por aí ia…
A menina, à falta – Óbvia, afinal uma criança! – de argumentos, batia o pé e gritava que queria, porque queria e pronto!
Adivinhem quem “ganhou” a discussão…

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