Rogar praga funciona?

Aí por volta dos anos 1960, 1970, meu pai comprou um terreno na Ilha Comprida, no município de Iguape, no litoral sul do estado de São Paulo.
A gente morava em Juquiá, ali perto, mais para o interior, então tinha toda lógica ter uma casa à beira-mar. E a Ilha Comprida ainda era um local pouco habitado, muito tranquilo. Faixa de areia bem larga, mar sempre calmo. A ideia era ter um lugar na praia, pra família passar suas férias e feriados. Pra mim, moleque então, seria uma festa!

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Eu e Deus!

Conta a gente do lugar que lá pros canfundós do Ribeirão das Mortes, um sitiante das antigas, família formada, as filhas já bem casadas, alguns netos, resolveu dar para o filho mais novo um pedaço de terra para que este começasse a vida. Escolheu uma gleba de dois alqueires, no canto mais inculto da sua propriedade, beirada do rio e lavrou a escritura em nome do caçula. Pitoco era o apelido do rapaz. Sujeito forte, trabalhador que só dois dele, tão orgulhoso que preferiu não pedir emprestado pra ninguém – nem pro pai e se dispôs a erguer sozinho o cantinho onde pretendia criar sua própria família.

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Trabalhar dá um trabalho!

Quem me contou este causo foi o “Nenê”, baiano bom de prosa, que trabalha no boteco do Toninho, ali na Fradique Coutinho.
Conta ele que lá pro interior da Bahia, um lugarejo daqueles bem atrasados (quase todo mundo é funcionário público, dominado pelos “caciques” da região) devia eleger um novo prefeito. O atual estava encerrando seu período de dois mandatos regulamentares.
Disputa acirrada entre a curriola do coronel Antunes e os capachos do coronel Vieira, com dois candidatos “farinha do mesmo saco”, paus-mandados de seus padrinhos.
O que um prometia no palanque, o outro prometia em dobro.

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Heróis diferentes…

Semana passada assisti numa rede social um vídeo com uma cena brutal de espancamento num vagão do metrô de Nova York. Já devia estar acostumado com essas cenas, mas confesso que, desta vez me pareceu que a violência do ser humano subiu mais alguns degraus na escalada rumo à selvageria absoluta.

Acostumado com os filtros da mídia, com um jornalismo que procura apontar os vilões de sempre agredindo as vítimas de sempre – aquelas situações que dão maior audiência, portanto mais retorno financeiro – desta vez me espantei com um homem preto, jovem e forte, espancando um outro, franzino, este com traços de asiático…

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Pagando o pato!…

Contam que lá pros cafundós de Minas, numa cidadezinha daquelas que só a igreja católica e o entregador da coca-cola conhecem, vivia um sujeito muito do trabalhador (Sabe aquele cara esforçado mesmo? Se fosse funcionário da prefeitura, seria aquele que fica pelejando com a enxada, consertando o calçamento, enquanto os outros quatro só “apreciam” a obra, contando piada e mexendo com as moças que passam…) e honesto até a raiz do cabelo.

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E as carijós?…

Sujeito vivido, bancário, cinquenta e tantos anos, de férias no sítio de um amigo, resolveu sair para dar um passeio. Num sitiozinho daqueles perdidos na beira da estradinha, encontrou um matuto, sentado num mourão caído, jogando milho para as galinhas. Até que um bandinho bem grande, com galinhas carijós e outras daquelas de granja, bem branquinhas, algumas com suas ninhadas, outras “solteiras”. O galo, que não estava presente, não devia estar dando conta do recado. O citadino, nada pra fazer, resolveu papear um pouco com o caipira:

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