Estavam dois capiaus sentados na beira duma variante, lá pras bandas do Poço Fundo, esperando uma carona pra casa. Um deles, que estava enrolando com todo cuidado um cigarrinho de palha, levantou os olhos do ofício quando viu passar voando um porco grande, peludo, cara de bicho ruim, todo azulzinho.
Ele virou para o lado, para ver se o compadre também tinha reparado e voltou ao cigarrinho. Não tinha acabado de enrolar quando passou voando uma porca enorme, grunhindo lá qualquer coisa que só os porcos sabem, também azulzinha, azulzinha. Um olhou para o outro. O outro olhou para o um e voltaram a sua lida de não fazer nada a não ser esperar – talvez o Manézinho do armazém passasse por ali com a perua de entregas. Quem sabe. Mais um tempinho e olha passar voando, meio atrapalhados, um bandinho de três ou quatro bacorinhos, bem barulhentos e também azuizinhos.
Mais um tempinho e passou um paulista perdido perguntando da BR 116 e deu uma carona para os dois. Tá certo que eles não precisavam ter feito o motorista ter dado aquela volta enorme para passar pela casa dos dois antes que eles indicassem o caminho certo e direto para a rodovia, mas fazer o que: numa hora dessas, não se pode desprezar uma carona em carro tão bom.
No dia seguinte estavam os dois no mesmo lugar, esperando um’outra boa alma caroneira, quando a mesma cena do dia anterior se repetiu – novamente passou o cachaço, depois a porca e depois os leitõezinhos, todos felizes voando, azuizinhos, azuizinhos.
E no outro dia a mesma coisa. E no outro. E no outro também. Uma semana depois, estavam os dois ali acocorados, fumando seu cigarrinho, os leitõezinhos tinham acabado de passar, azuizinhos que era uma beleza, cada dia voando melhor.
O cigarrinho acabado, um dos caipiras virou pro outro e perguntou:
– Pois então, compadre. Cê viu isso?
– Se vi? Ora, pois só! – respondeu o outro.
– E o quê é que você acha? – Perguntou o um.
– Sei não, compadre – Respondeu o outro e apontou o dedo acompanhando a direção da revoada – Mas estou quase acreditando que o ninho deles é praquelas bandas!…