S. de bêbado não tem dono…

Idos dos anos 1980, Cabreúva, interior do estado de São Paulo.
Apesar de pertinho da capital, terra de caipiras… Assumidos!

Uma de minhas cunhadas ficou muito doente.
Veio pra Capital, para se tratar no Hospital das Clínicas.*
Os pais e alguns irmãos ainda moravam num sítio, pertinho de Cabreúva, então uma cidadezinha de uns dois mil habitantes (Acho que é o que tem ainda hoje.).
Do hospital vem a informação que o banco de sangue está precisando de doadores.
Uma estratégia que acredito seja usada ainda hoje, para conseguir doadores: “casar” uma internação com um pedido de doação de sangue – como o tratamento do doente não é cobrado da família (já foi cobrado na forma de impostos…) – esta corre pra pedir aos familiares e amigos que se disponham à doar. E é claro que a coisa funciona.

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Cabra macho!

Beira da estrada. No topo do morro, no fim de uma estradinha, uma casinha bem caiada, telhado de telha de verdade, na porta uma lâmpada dentro de um balde de plástico vermelho alaranjado. Quem é do interior sabe do que estou falando. Dentro a festa corria solta quando chega um sujeito grande, forte, cara de jagunço. O sanfoneiro foi afrouxando os braços e a música foi parando, parando…

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Um fotógrafo das antigas.

Dia destes estava no supermercado, quando assisti uma cena que acabou se tornando muito comum, principalmente nos últimos tempos: uma menininha de uns seis ou sete anos discutia com a mãe sobre comprar um determinado refrigerante.
A mãe, até que bem paciente, tentava explicar para a criança – racionalmente, como se esta também fosse adulta! – que o tal refrigerante fazia mal, que tinha muito açúcar, que estragava os dentes e por aí ia…
A menina, à falta – Óbvia, afinal uma criança! – de argumentos, batia o pé e gritava que queria, porque queria e pronto!
Adivinhem quem “ganhou” a discussão…

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Cusparada!

Nestes tempos de ânimos exaltados, dois incidentes envolvendo cusparadas chamam a atenção de um velho caipira como eu. Uma cusparada, de um talentoso ator Global (não confunda obra e autor…) utilizada como “argumento” político e outra, coincidentemente praticada por uma ex-meia-celebridade também Global, num confronto em evento político no Congresso Nacional, entre desafetos por suas convicções sexuais.

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Pensando bem, que mal tem?

Para quem não conhece, o caiçara é aquele caipira do litoral, conhecido por sua “moleza”. Dizem que é culpa das lombrigas, que acham em sua barriga o ninho perfeito para se multiplicar.
Demora um pouco, você precisa ficar um tanto mais velho para compreender a vida desse povo. Morando na cidade grande, onde o motivo de tudo é o dinheiro, fica difícil entender porque essa gente “não gosta” de trabalhar.

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Peixada caiçara.

Antes de preparar este prato leia o caso “Pensando bem”.

Você precisa de:
1 kg de peixe, de preferência peixe de couro: bagre, mandi, cascudo, pintado, até cação vai…
1/2 kg de camarões sete barbas descascados
Opcional: 1/2 kg de mariscos descascados
2 colheres de sopa de óleo
2 cebolas picadas grande
2 dentes de alho
1 tomate picado grande
1 pimenta de horta picada grande
1 talo de cebolinha picada
Um pouco de salsinha picada
1 limão, de preferência o caipira e não vai usar tudo
Sal a gosto
Farinha de mandioca para o pirão
Opcional: 1 garrafinha de leite de coco (acrescente, subtraindo da água quente)

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Filho sem pai…

A tormenta começou a se formar no almoço.
Quarta-feira, dia de feijoada no Bolinha, todos caíram matando na dita, devidamente ante-pastada com muito torresminho crocante e caipirinha com limão amassado, não espremido. Pra acompanhar a suculenta, vários chopinhos sem colarinho e geladíssimos.
Franco, o gordo, meio que exagerou e já estava com aquele olhar de peixe-morto, típico da letargia feijão-alcoólica.

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Amigos, amigos…

Litoral sul, cidade de Eldorado. Na época ainda se chamava Xiririca. Uma pasmaceira que só. Sentados na escadinha da entrada do bar do Antunes dois capiaus fumam seus cigarros de palha, apreciando as moças que fazem o “trottoir” na pracinha, rindo “envergonhadas” para os moços sentados nos bancos de concreto, cada banco patrocinado por um comerciante da cidade.

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