Cachaça na veia…

Em Sete Barras moravam dois amigos muito chegados. Amigos desde a infância – fizeram a escola juntos, se formaram no ginásio juntos, estudar mais não carecia nem tinha como porque, por aquelas bandas, o ensino acabava naquela altura. Nadaram muitos rios e ribeirões, caçaram muito inhambú e marreco, farrearam em muita quermesse, sempre juntos, unha e carne. Acontece que acabaram se enrabichando pela mesma moça e, como não podia deixar de ser, acabaram brigando feio e sendo abandonados, os dois, pela moça que se mandou pra capital com um doutorzinho da companhia de eletricidade…

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S. de bêbado não tem dono…

Idos dos anos 1980, Cabreúva, interior do estado de São Paulo.
Apesar de pertinho da capital, terra de caipiras… Assumidos!

Uma de minhas cunhadas ficou muito doente.
Veio pra Capital, para se tratar no Hospital das Clínicas.*
Os pais e alguns irmãos ainda moravam num sítio, pertinho de Cabreúva, então uma cidadezinha de uns dois mil habitantes (Acho que é o que tem ainda hoje.).
Do hospital vem a informação que o banco de sangue está precisando de doadores.
Uma estratégia que acredito seja usada ainda hoje, para conseguir doadores: “casar” uma internação com um pedido de doação de sangue – como o tratamento do doente não é cobrado da família (já foi cobrado na forma de impostos…) – esta corre pra pedir aos familiares e amigos que se disponham à doar. E é claro que a coisa funciona.

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Cabra macho!

Beira da estrada. No topo do morro, no fim de uma estradinha, uma casinha bem caiada, telhado de telha de verdade, na porta uma lâmpada dentro de um balde de plástico vermelho alaranjado. Quem é do interior sabe do que estou falando. Dentro a festa corria solta quando chega um sujeito grande, forte, cara de jagunço. O sanfoneiro foi afrouxando os braços e a música foi parando, parando…

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Cusparada!

Nestes tempos de ânimos exaltados, dois incidentes envolvendo cusparadas chamam a atenção de um velho caipira como eu. Uma cusparada, de um talentoso ator Global (não confunda obra e autor…) utilizada como “argumento” político e outra, coincidentemente praticada por uma ex-meia-celebridade também Global, num confronto em evento político no Congresso Nacional, entre desafetos por suas convicções sexuais.

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Pensando bem, que mal tem?

Para quem não conhece, o caiçara é aquele caipira do litoral, conhecido por sua “moleza”. Dizem que é culpa das lombrigas, que acham em sua barriga o ninho perfeito para se multiplicar.
Demora um pouco, você precisa ficar um tanto mais velho para compreender a vida desse povo. Morando na cidade grande, onde o motivo de tudo é o dinheiro, fica difícil entender porque essa gente “não gosta” de trabalhar.

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Amigos, amigos…

Litoral sul, cidade de Eldorado. Na época ainda se chamava Xiririca. Uma pasmaceira que só. Sentados na escadinha da entrada do bar do Antunes dois capiaus fumam seus cigarros de palha, apreciando as moças que fazem o “trottoir” na pracinha, rindo “envergonhadas” para os moços sentados nos bancos de concreto, cada banco patrocinado por um comerciante da cidade.

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Tá passando o que?…

Lá pras bandas de Juquiá-açú, uns bons trinta ou quarenta anos atrás, a televisão ainda era um luxo reservado pra poucos. Principalmente se “pegasse” alguma coisa lá naquele fim de mundo. Era antena interna com bombril ou então uma daquelas grandes, espinha de peixe, espetada numa vara alta de bambu na cumieira da casa – e mexe daqui, e vira e puxa pra lá…

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Uma nota valiosa!

“Em Sete Barras, ali por perto, existe o Bairro do Arapongal.
Homenagem de alguém, por certo, às arapongas do litoral.”

São versos de um poema, muito bonito aliás, do Vale do Ribeira. Quando e se lembrar, publico o poema inteiro. De qualquer forma, vale para situar o caso a seguir.

Voltava do Bairro do Arapongal, depois de uma festa de São João, já bastante coalhado, o Ademar da Dona Zefa. Caboclo baixinho e magrinho, gostava de andar sempre bem arrumado, mas feio que só briga de foice no escuro. E um detalhe importante: o Ademar era conhecido por ser o maior mão-de-vaca, sujeito mesquinho mesmo, da região.

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