Não deu no Globo Rural…

Certa feita o prefeito de uma dessas cidades bem pequenas, perdidas lá no sertão, não vou dizer o nome que é pra não ofender ninguém, resolveu percorrer os sítios da região, para saber porque a produção do seu município era tão inferior àquelas que ele via no Globo Rural.
Mais próximo da cidade, o sítio do Simplício foi um dos primeiros a ser visitado. Depois de muito bater palmas e de “ó de casa…”, o Simplício apareceu na janela, cara amassada de quem acabou de acordar, esfregando uma remela no canto do olho:

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Criado a pão-de-ló!

Alguns anos atrás, nas vilas do interior, quando não havia tanta facilidade para comprar carne, era costume se criar animais pelo sistema de “ameias”. Funcionava mais ou menos assim: alguém da vila, que tinha lá um empreguinho razoável e, portando, algum dinheiro sobrando, comprava uma ninhada de qualquer coisa – leitão, pintinho, bezerro e combinava com um sitiante amigo para a criação dos bichos e posterior partilha, quando os animais chegassem no tamanho para o abate ou começassem a botar ovos ou dar leite, o que seja.

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Rogando uma praga!

Um caso especial para quem acredita em mau-olhado, azar, essas coisas… Acho melhor bater na madeira três vezes!

Este aconteceu recentemente.
Aqui em Pinheiros temos vários moradores muito particulares. Para alguns dos “normais” talvez até eu seja um deles, vai saber. Uma dessas figuras folclóricas que todo mundo do bairro conhece, ou pelo menos já viu algumas vezes é o Seu Anastácio. Como não sei seu nome (e acho que ninguém sabe), tomo a liberdade de chamá-lo assim.

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O doce preferido de dez entre dez…

Receita que parece fácil, mas não é. Se você gosta de pudim consistente, sai furadinho – se gosta de pudim furadinho sai cremoso…
Fora isso, deve ter centenas de receitas e modos de fazer diferentes.
Vai ver que é por isso que todo mundo gosta!
Aqui vai uma das receitas:

Pudim de leite condensado

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Engenharia caipira.

Nos últimos tempos temos assistido o resultado das barbaridades projetadas pela engenharia tupiniquim: é viaduto, prédio e até ciclovia que desabam, pontes e estradas que levam a lugar nenhum…
Me lembrei de um causo que, pelo que ouvi, aconteceu no interior de Minas, ali na região serrana. Numa dessas épocas pré-eleitorais, o prefeito e candidato a reeleição resolveu construir uma estrada ligando sua cidade à rodovia federal.
Como sabe todo político, não há cabo eleitoral melhor que estrada – dá pra fazer e inaugurar rapidinho. Dá até pra inaugurar por trechos. Na cabeça do povo acaba virando uma porção de obras!

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Nadando pelado.

Ali pras bandas do Rio das Antas havia uma vila dessas bem pequenas, onde não acontece nada de importante – nem de bom nem de ruim. No centro da cidade, como não podia deixar de ser, tinha a igreja matriz, a prefeitura e a praça principal (e única, aliás). Duas ruas: a avenida principal, com farmácia, correio, banco e vendinha e a rua de baixo, com bar, casinhas mais humildes e que inundava todo ano, na época das cheias do rio. Rio dos bons, água limpa, muito peixe, ingazeiros carregadinhos pendurados sobre a correnteza – cada vez que caía um bago na água era um ferver de pacuzinhos esfomeados e fáceis de pescar…

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Cachaça na veia…

Em Sete Barras moravam dois amigos muito chegados. Amigos desde a infância – fizeram a escola juntos, se formaram no ginásio juntos, estudar mais não carecia nem tinha como porque, por aquelas bandas, o ensino acabava naquela altura. Nadaram muitos rios e ribeirões, caçaram muito inhambú e marreco, farrearam em muita quermesse, sempre juntos, unha e carne. Acontece que acabaram se enrabichando pela mesma moça e, como não podia deixar de ser, acabaram brigando feio e sendo abandonados, os dois, pela moça que se mandou pra capital com um doutorzinho da companhia de eletricidade…

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