Engenharia caipira.

Nos últimos tempos temos assistido o resultado das barbaridades projetadas pela engenharia tupiniquim: é viaduto, prédio e até ciclovia que desabam, pontes e estradas que levam a lugar nenhum…
Me lembrei de um causo que, pelo que ouvi, aconteceu no interior de Minas, ali na região serrana. Numa dessas épocas pré-eleitorais, o prefeito e candidato a reeleição resolveu construir uma estrada ligando sua cidade à rodovia federal.
Como sabe todo político, não há cabo eleitoral melhor que estrada – dá pra fazer e inaugurar rapidinho. Dá até pra inaugurar por trechos. Na cabeça do povo acaba virando uma porção de obras!

Mas, vai daí que lá pelos fundões da serra, estavam os engenheiros fazendo as medições para definir por onde a estrada iria atravessar aqueles morros.
E apruma teodolito pra lá. Perfura o terreno daqui. E explode o subsolo acolá… Um trabalha enquanto cinco assistem e dão palpites…
Observando essas manobras todas, um caipira deixava o tempo passar, acocorado junto à porteira do sitiozinho, pitando um cigarrinho de palha, cachorro “papa ovo” coçando as pulgas do lado.
Logo ele percebeu quem era o chefe daquele bando e, quando este passou por perto, puxou conversa:
– Seu moço! Quem são vocês?
– Somos da empresa responsável pela construção da estrada que vai passar aqui! – respondeu orgulhoso o “doutor” engenheiro.
– E precisa disso tudo só pra fazer uma estrada? – continuou o caipira.
– É claro! – respondeu o engenheiro. – Estamos medindo tudo pra decidir qual é o melhor traçado para a estrada passar. – E emendou:
– Por quê? Por aqui vocês fazem diferente?
– Mas só! Por aqui é bem mais fácil: a gente leva um burro até onde a estrada deve chegar e solta ele. O burro sempre sabe qual é o melhor caminho pra voltar pra casa. Aí é só seguir o bicho e marcar o caminho!
Meio escabreado, o engenheiro continuou:
– E se vocês não tiverem um burro?
– A gente usa um porco, ou um gato, pode ser um cachorro, um bode e até uma galinha, que é bicho estúpido que só… Nenhum é tão bom como o burro, mas também dá certo!
O engenheiro estudou bem o caipira e, chegando à conclusão que o capiau estava tirando uma com ele, resolveu insistir:
– Mas e quando vocês não têm nenhum desses bichos pra seguir?
O caipira deu uma boa baforada, apagou e enfiou a bituca atrás da orelha e mandou:
– “Bão”… Nesse causo a gente chama um engenheiro…

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