O fim da privacidade.

Cena 1. Meados da década de 1990. Uma bela tarde de primavera, você e seus filhos passeiam na praça. Parada obrigatória no sorveteiro de rua, um sorvete diferente pra cada um. Você ensinou seus filhos a não jogar nada na rua. Então, eles cuidam de procurar um cesto de lixo para colocar a embalagem do sorvete… E depois também o palito.
Vindo em nossa direção, um daqueles jovens marombados, forte mesmo. Desses de impor uma distância respeitosa. Com ele um cão doberman com porte e cara de poucos amigos. Na coleira, mas sem focinheira.

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Genética avançada.

Seu Pedro era uma pessoa dessas de muito boa índole, muito simples, pouco estudo – só até a metade do ginasial – mas de uma sabedoria bem caapora. Contam que certa feita seu Pedro teve que ir pra capital, para bem chorar um morto, amigo de longa data e acompanhar o enterro do dito. Fazia muito tempo, anos, que o caipira não saía de sua cidadezinha, perdida lá pras bandas de Dourados, terra de bicho, boiadeiro e pescador.

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Briga de galo.

Este causo deve ter acontecido ali por perto de Cerquilho, Tietê…
Contam que, uns 50 e tantos anos atrás, por ali rolava muita briga de galos – as famosas rinhas. O então presidente Jânio Quadros, além de estabelecer relações com Cuba (foi ele!) e proibir o biquini (é mole?), até que tentou acabar com as rinhas, mas só conseguiu mesmo levar os torneios para a clandestinidade.
Em Minas, chegou a mandar prender quem promovia e apostava nas brigas e até mandou capturar os galos, que viraram ensopado para os presidiários do estado.

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Rogando pragas!

Passei por uma situação bastante crítica nestes últimos trinta dias, que me fez lembrar de um costume antigo, agora perdido no esquecimento dos mais velhos:  a Praga.

Acho que você deve conhecer só de ouvir falar… Afinal, nestes tempos de redes sociais, todo o mal (ou bem) que você pode desejar estão ao alcance, com um clique no ícone desejado e pronto: o “postante” vai se sentir aprovado ou rejeitado na hora!

Mas, se você tem interesse em saber como essa coisa de praga funciona, eu conto…

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Além das alpargatas…

Quem me contou este causo foi um velho amigo – nos dois sentidos: somos ambos velhos e nos conhecemos há muito tempo.
Dizia ele que ouviu o causo do avô, morador de tempos idos, lá pras bandas de Campos, interior do Rio.
Na – então – vila morava e pelejava um escultor de nome Justino, artista dos bons que, como todos os verdadeiros, vivia numa miséria de dar dó. Se mantinha plantando uma bela horta, cuja colheita vendia semanalmente na pracinha central.

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A cultura do “talvez, quem sabe”…

Dias atrás, assistindo a previsão do tempo na tv, me espantei com a – aparente – desinformação do apresentador sobre o clima. Os homens e mulheres do tempo, apesar de contar atualmente com previsões feitas por computadores com capacidade de processar um absurdilhão de dados, nunca se arriscam numa previsão mais exata.
A notícia é mais ou menos assim: “hoje poderemos ter um dia com grande possibilidade de sol, com chance de chuvas no decorrer do período, ventos de leves a moderados, podendo passar a vendavais em locais isolados…” Você arriscaria sair sem guarda-chuva com uma previsão dessas? Ou mesmo, se arriscaria a sair de casa?

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