Bobo alegre.

Quem me conhece um pouco já está “careca de saber” que sou um caiçara – aquele caipira em versão piorada.
Com todas as melhores (poucas) e piores (muitas) características da “raça”.
Dentre essas muitas está o talento em dar o apelido mais adequado para cada tipo de pessoa.
Se ofender a “vitima”, melhor ainda!

E de todos esses “batismos”, considero um dos mais perfeitos o do “bobo alegre”.
Sabe aquela pessoa que, por mais que seja injuriada, tapeada, maltratada, ofendida, mantém sempre uma inexplicável alegria, um eterno sorriso idiota – como posso dizer sem ofender ainda mais: uma “alegria inocente”?

Pois então… Esse é o bobo alegre!

Depois de muitos anos produzindo peças criativas de comunicação para vários clientes, procurava sempre encerrar o ano criando e enviando a todos os amigos – clientes ou não – uma mensagem bem-humorada, desejando um otimista “feliz novo ano”.

Neste ano da (des) graça de 2.022 resolvi não mais criar o meu cartão.
Alguns amigos reclamaram – imaginavam que aquelas mensagens bem-humoradas e otimistas já tinham se tornado uma tradição… Ou algo assim.
Assim, ao invés de me desculpar com cada um, vai aqui uma explicação “coletiva”.
Se vão aceitar, ou ao menos concordar em parte, aí é decisão de cada um…

Um, dois, quase três anos de pandemia.
Pandemia que nos tirou liberdade, amigos, trabalhos (até aquele projeto que poderia mudar o mundo!) e, principalmente, nos tirou a saúde!
Fatalista, vou levando.
Puto da vida, mas aguentando.

Mas aí, no final deste terceiro ano, acho que a coisa piorou. E muito!
Além daqueles percalços, junte a isso tudo o que aconteceu com o país e com os brasileiros, coroando um período de tristezas com muita decepção.
Um ano que nos mostrou que aquele “7 X 1” foi definitivo e irreparável.
Motivo de eterno escárnio por parte dos tais “hermanos”, que agora ocupam o lugar que já foi nosso.
Um ano que nos tirou o (provavelmente último) herói e rei, o atleta do século, e coroou um vilão, travestido em bom velhinho.
Um ano em que estamos trocando a máscara pela mordaça.
Um ano em que ficamos irremediavelmente marcados como “manés”, assaltados em qualquer lugar e ocasião.

É claro que você também assistiu a tudo isso…

Este deveria ser um ano para ser esquecido, se isso fosse possível.
Mas, infelizmente, tenho certeza que este ano vai ser lembrado por muito tempo e, provavelmente, pelos piores motivos.
Lembrado por nós e por nossos filhos – principalmente por estes e seus filhos – que vão colher os “frutos”!

Assim, aquela esperança de dias melhores “já era”.
Sobrou a desesperança.
Claro que restaram uns poucos motivos para alguns momentos de felicidade, mas daí a tentar alegrar e motivar outras pessoas – incluindo os amigos – vai uma impossível distância.

Uma possibilidade reservada com exclusividade aos “bobos alegres”!

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