Como matar uma ideia.

Década de setenta/oitenta… Meu irmão e eu fazíamos parceria em sua empresa de licensing e merchandising.

Lá de vez em quando ele inventava uma viagem pro exterior, preferencialmente para Nova Iorque onde, segundo ele, as oportunidades “pipocavam”.
De todas as viagens ele trazia sempre uma (ou várias!) novidade.
Foi assim com a raspadinha, com algumas marcas hoje famosas por aqui (conto essas histórias em outro dia…).


E foi assim com um texto com “99 Idea Killers” – 99 maneiras de matar ideias – por quem ficamos “fissurados”.
Tanto que resolvemos transformá-lo num poster, um brinde para os nossos clientes e amigos.
Ele consultou a empresa que havia publicado o texto nos EUA e conseguiu que a reprodução fosse liberada pra gente.
Providenciamos a tradução e coube a mim a diagramação/criação/produção do poster.
Assinando uma tiragem, a empresa dele. Numa tiragem menor, assinava meu estúdio.
A legislação brasileira para os direitos autorais era bastante frouxa na época (Acho que ainda é!). Mas, por uma questão de princípios (sabe como é: criação em família protestante…),  imprimimos os devidos créditos para a autora do texto original, a Celestial Arts.
O poster foi um sucesso! Tivemos que re-imprimir para atender aos pedidos dos amigos dos amigos…
Mas claro que a parte mais divertida da coisa foi mexer um bocado no texto, adequando expressões ao português, “limando” algumas outras e, principalmente, acrescentado “cacos”…
Se procurar com atenção, você vai descobrir vários no texto.
Um deles eu conto, porque muito particular: na maneira número 20, troquei a vilazinha original americana pela cidadezinha onde nasci, Juquiá, um pontinho no mapa do litoral sul paulista…

Alguns anos depois, observamos que algumas outras pessoas também resolveram publicar o texto. “Copyright free”, era óbvio que isso aconteceria. Felizes de nós, que fomos os primeiros!
Triste foi descobrir que alguns deles não se deram ao trabalho de traduzir do original, inclusive para adequá-lo à sua própria realidade e necessidade.
Copiaram a nossa versão, pura e simplesmente.
Assim, a minha pequena Juquiá (ainda firme lá no tópico 20) agora frequenta alguns sites, palestras e aulas pelo Brasil afora e garante o reconhecimento, pelo menos de quem me conhece mais de perto, de minha participação nesse trabalho.
E se por um lado bom pra cidade, de outro ruim para a reputação dos brasileiros e pior para a Celestial Arts que, nessas publicações, não recebeu qualquer crédito pela autoria desse mordaz e divertido “tratado” da rejeição às ideias!

Para ler a versão atual das “99 Idea Killers” e solicitar sua cópia (em PDF) do poster, acesse:

Desenho/base para ilustração: Pixabay/NganLoi.

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