E as carijós?…

Sujeito vivido, bancário, cinquenta e tantos anos, de férias no sítio de um amigo, resolveu sair para dar um passeio. Num sitiozinho daqueles perdidos na beira da estradinha, encontrou um matuto, sentado num mourão caído, jogando milho para as galinhas. Até que um bandinho bem grande, com galinhas carijós e outras daquelas de granja, bem branquinhas, algumas com suas ninhadas, outras “solteiras”. O galo, que não estava presente, não devia estar dando conta do recado. O citadino, nada pra fazer, resolveu papear um pouco com o caipira:

– Bom dia, senhor.
– Dia… – Respondeu o matuto.
– Bonitas galinhas! – Elogiou.
– Brigado! – Respondeu o caipira envaidecido.
– Botam muito ovo?
– Quar delas? As brancas ou as carijós?
– Hum… – Pensou o sujeito. – As brancas…
– Ao menos um por dia. Às vezes até dois!
– E as carijós?
– Um ovo por dia também.
– Ah, sim. E elas comem o quê?
– As brancas ou as carijós? – Perguntou o caipira.
Meio  desconfiado, o homem da cidade respondeu:
– As carijós…
– Ah! Essas ciscam o dia inteiro e uma vez por dia ganham milho pilado.
– Só isso, é? E as brancas, comem o quê?
– Milho uma vez por dia. No resto do tempo, ciscam aí no terreiro. – Respondeu o matuto.
Já perdendo a paciência, o sujeito perguntou:
– Meu senhor, porque é que cada vez que eu te pergunto alguma coisa sobre as galinhas, o senhor sempre quer saber se são as brancas ou as carijós, quando a resposta é sempre a mesma?
– É que as galinhas brancas são minhas, uai! – Exclamou o caipira.
– E as carijós?
– Também são, sô!

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